sexta-feira, 30 de novembro de 2012

VG: CIDADE POLICHINELO?

A cidade de Várzea Grande, que é a segunda maior cidade do estado de Mato Grosso vem passando por momentos ao longo destes últimos quatro anos, que é no mínimo curioso, para não dizer jocoso. Triste, mas real. Cidade onde importantes filhos da terra se destacaram na política estadual, além da nacional, vem passando por momentos cômicos se não fossem tão trágicos.

Merece um breve histórico. Antes, a cidade era conhecida como cidade industrial do estado de Matogrosso. Foi terceiro Distrito de Cuiabá. Nos primeiros dias quando aqui chegaram os Bandeirantes, aproveitando da hospitalidade e mansidão dos povos Guaianases, iniciaram exploração de mineração. Mas que não progrediu, conforme alegam, pois o “faiscar das pepitas na Capital era maior, e atraía mais a cobiça por lá. Os povos Guaianases possuíam aptidão com a arte de tear e de manobrar embarcações (canoas). Confecções de redes, balaios, cerâmicas e outros ornamentos pessoais, manufaturados foram aproveitados e dispersados para gerar renda para o município. Pois bem, algumas localidades contribuíram para a denominação de cidade industrial pudesse se fortalecer, como: Capão do Pequi, onde houve contribuições das escravas redeiras de onde ficaram famosas as redes tecidas na cidade. Outras localidades onde fabricam as famosas “redes cuiabanas” são: Capão Grande, Bonsucesso, Souza Lima, Engordador, além de Capão do Pequi e proximidades. Hoje essa arte das redeiras está correndo riscos de extinção se nada for feito para a disseminação e conservação dessa técnica.

Mas, na cidade que outrora era industrial, nunca se ouviu tantas piadas com denominações diferentes para ela como nesses últimos dias de pós-eleições. São elas: Cidade dormitório, Favelão de Cuiabá, cidade fantasma, cidade dos fantasmas (das folhas de pagamento), cidade dos mortos que votam. Depois destas eleições, ganhou o nome de cidade dos mortos que votam. E para completar, a “maior liderança do PMDB no estado, o governador, mostrando toda importância que a nossa cidade representa para ele, fez a declaração sobre a alegação do processo do suposto caso de mortos terem votado neste pleito, com desdém. O governador Silval Barbosa classificou como “brincadeira” as denúncias apresentadas pelos Advogados da coligação“ reclamante. O governador declarou que acha que tudo parece brincadeira... “É brincadeira isso [...]”. Dando margem para que os comediantes, brincalhões e zombadores já chamarem a nossa cidade de Sitio do Pica-Pau Amarelo. Daí a gente até se lembra da música do Gilberto Gil. “Marmelada de banana, bananada de goiaba. Goiabada de marmelo. Sítio do Pica-Pau amarelo...” Pois, o Sitio do Pica-Pau Amarelo é local onde se encontra todo tipo de brincadeiras possíveis e imagináveis.

Que me perdoe MONTEIRO LOBATO e seus fantásticos personagens, mas se for assim, nós precisamos aproveitar mais do “faz de contas da Emilia” para realizar nossos maiores anseios, precisamos aproveitar mais da sabedoria do visconde de Sabugosa para arrumar a administração do reino das águas claras. Precisamos distribuir bastante as pílulas falantes do doutor Caramujo para o povão. Bem, com “o faz de conta da Emília”, nem é preciso listar o que se tem a fazer. Pois tudo é necessário! Mas com “a pílula falante do doutor Cara de Coruja”, sim. Seria importante distribuir as tais ao povão, para fazer soltar a sua voz... Para que deixe de viver só como platéia. Para que possa gritar aos quatro cantos, todo o seu descontentamento. Agora! Já! Para que consiga proferir o seu pedido de socorro em prosas e versos e ser ouvido com seriedade pelas autoridades constituídas. Pois brincadeira é uma atitude dessas de um líder... Pois, quando o esperado seria que fosse líder de todos e não de parcelas da sociedade. Imparcialidade é o que se espera nesses casos. “Rios de prata, pirata. Vôo sideral na mata, universo paralelo. Sítio do Pica-Pau amarelo.” Várzea Grande: Cidade Polichinelo?


Domingos Sávio Bruno é Engenheiro Florestal e escreve todas as quintas para o site NOPODER -Email: saviobruno@terra.com.br

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