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A nove dias do início da Copa do Mundo, a cidade de Cuiabá, uma das 12 sedes da competição, respira futebol... americano. O esporte que é uma verdadeira paixão nos Estados Unidos tem em Cuiabá mais sucesso de público que o futebol, já que a cidade possui apenas uma equipe na terceira divisão do Campeonato Brasileiro.
Milhares de pessoas, em uma cidade de 800 mil habitantes, vão ao estádio ver uma partida de futebol americano, esporte orgulho na capital do Mato Grosso, na qual o Cuiabá Arsenal é uma potência e bicampeão brasileiro. Aliás, com a Copa do Mundo, o novo estádio Arena Pantanal pode ser uma oportunidade para massificar o futebol americano.
"Esperamos que o estádio Arena Pantanal aumente em questão de público do futebol americano após o Mundial. Para os jogadores será uma experiência fantástica e eles sonham com isso", disse à Agência Efe o presidente do Cuiabá Arsenal, Orlando Ferreira.
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Após o torneio, estima-se que a torcida possa chegar até os 20 mil espectadores com o impulso do novo estádio, onde pretende jogar esta equipe criada há oito anos por seis amigos e que conta com vários de seus jogadores na seleção nacional de futebol americano.
"As escolas de futebol americano em Cuiabá e Várzea Grande (município vizinho) estão bem estruturadas e as crianças gostam muitas vezes mais que o futebol", comentou à Agência EfeAndrei Vargas, de 32 anos, defensor da seleção brasileira que jogou no mês passado contra o Uruguai e alcançou uma tranquila vitória por 40 a 0.
Para deixar claro que Cuiabá não respira futebol, Vargas confessou que nunca teve em seu quarto pôsteres de Pelé, Romário, Ronaldo ou Neymar, mas sim de um boxeador e um corredor de Fórmula 1: "Meus ídolos são Mike Tyson e Ayrton Senna". Como Andrei Vargas, que trabalha em um frigorífico familiar, os jogadores de futebol americano têm outros empregos porque é um esporte ainda amador. "É amador, mas mais popular que o futebol. As partidas do Operário e Cuiabá, as equipes tradicionais da cidade, não têm mais do que mil pagantes. Nas nossas temos público de seis mil", contou.
Vários jogadores do Mato Grosso estão tentando a sorte nos campeonatos estudantis dos Estados Unidos, embora o nível de jogo esteja muito longe da liga americana NFL. Atualmente o campeão nacional é o Curitiba Crocodiles, do Paraná.
O futebol americano gera cada vez mais atenção no Mato Grosso: existem categorias de base e da modalidade adulta de Flag (que não usa equipamentos de segurança) e para última seleção de talentos se apresentaram 200 adolescentes, número recorde.
Um equipamento custa cerca de US$ 500, embora antes de adquiri-lo os jogadores devem enfrentar os choques sem nenhum tipo de proteção. A equipe usa algumas práticas do rúgbi, como as ações sociais em suas escolas para meninas e meninos de Cuiabá e Várzea Grande, que jogam na modalidade Flag, que evita as ações violentas de contato. "A relação com o torcedor é fundamental para manter a equipe", explicou o presidente do Cuiabá Arsenal.
Durante o Mundial, em Cuiabá serão disputadas as partidas entre Chile e Austrália, Rússia e Coreia do Sul, Nigéria e Bósnia e Japão contra Colômbia. O legado que ficará para o futebol do MT, um estado que se transformou em potência agropecuária, será a Arena Pantanal, com capacidade para 42 mil pessoas e que muitos veem como futuro "elefante branco".
Quando a capital do Mato Grosso foi incluída no circuito da Copa, as autoridades estimavam que alguma equipe poderia chegar à Primeira Divisão, mas a previsão falhou. O Cuiabá Esporte Clube é o melhor posicionado e disputa a Série C enquanto outro clube do estado, o Luverdense, está na Série B, embora esteja situado a 350km da capital. O presidente do clube, Helmute Lawisch, confirmou que algumas partidas serão jogadas na Arena Pantanal.
"Nunca gostei de futebol, sempre me pareceu que o rúgbi e o futebol americano têm mais complexidade, mais estratégia", avaliou o jogador de futebol americano Andrei Vargas àAgência Efe. Vargas sonha em jogar um Mundial, mas, ao contrário da maioria dos moradores do "país do futebol", não se interessa por estar no Brasil em 2014 e sim na Suécia, no Mundial de futebol americano. Precisamente na Suécia, mas em 1958, o Brasil apareceu para o mundo do futebol com a conquista de sua primeira Copa do Mundo.
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