terça-feira, 9 de agosto de 2016

Abandonados?

Sociedade esta, que também "escraviza" e é "escravizada". 

Atualmente é preciso que alguém com visão assuma o comando da situação, com pensamento justo e coerente. Não apenas para fazer com que a lei seja rigorosamente cumprida, mas também que seja exercida a razoabilidade, com a devida coerência. Onde o bem prevaleça em favor do mais fraco. Pois de nada adianta haver punições exemplares, se na realidade nada for revertido para o bem dos menos favorecidos... Por que na realidade, os menos favorecidos acabam mais abandonados do que protegidos, se fizer uma análise profunda.

Agora vale perguntar: Alguém sabe, por quanto tempo muitos trabalham ou vivem nas condições análogas a escravidão ou abandono? Creio que não.

Alguém já perguntou se naquelas condições, quantos de seus familiares são sustentados em casa com boas condições de morar, nas cidades? Creio que nunca houve tais relatos. Alguém perguntou para algum deles (dos tais análogos escravizados), se estariam satisfeito com o trabalho que exercem? Desconheço relatos.

Não que esteja defendendo, ou queira defender esse tipo de subemprego. Jamais! Todavia, é igualmente deprimente ver seres humanos sofrendo dolorosas privações nas cidades, tal qual, ou mais severas que aquelas situações análogas de escravizações, diagnosticadas no campo, por parecerem "invisíveis" aos olhos da sociedade. Por parecerem "invisíveis", as vezes, até aos olhares da imprensa de massa, que observa tudo isso de perto, mas que a sua miopia não permite focar sobre a realidade pavorosa que o assunto revela. Ora. “Autoridades”... Isso parece ser uma falha gritante do Estado.

Na busca da solução, é preciso entender e saber o que é sustentabilidade, antes de se quebrar a corrente e os elos dos sistemas sustentáveis, que acabam permitindo que gente fique relegada a segundo plano, vivendo em condições inadequadas à seres humanos, nas cidades em pleno Século XXI. O que parece permitir ou favorecer a formação da "sociedade dos zumbis" e de numerosos "delinquentes" e análogos "escravizados". Pois. Ninguém nasce escravo. Ninguém nasce delinquente, ou dependente químico... Tudo isso é resultado e influência do meio. Tudo isso é fruto da sociedade dominadora, egoísta, famigerada e "capitalista selvagem"! Sociedade esta, que também "escraviza" e oprime. 

Ora. Quantos não preferem ter um trabalho, por mais difícil que seja, mas bem remunerado? Quem escolheria viver em condições indignas, nas favelas e moradias improvisadas e em locais de riscos? 

São duas escolhas medonhas, que algumas pessoas, as vezes, ao longo da vida, precisam fazer. Mas que cabe aos poderes focar com interesse real, em redescobrirem o caminho da verdadeira sustentabilidade. Pois bem. Isso, para que o termo "sustentabilidade", não sirva, apenas para garantir "status" a quem a pronuncie, com ar de "autoridade", e que na verdade, só lança, mais e mais pessoas ao modo de vida indigna das favelas e sarjetas da vida. Será que  as pessoas relegadas a essas condições, preferem ficar abandonadas? Difícil escolha voluntária.

DOMINGOS SÁVIO BRUNO é engenheiro florestal - ex-gerente técnico/chefe de distrito/Fundação Nacional de Saúde/CRMT e Inspetor Chefe do CREA/MT - Inspetoria de Várzea Grande/MT.


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