Ora, se os paralelepípedos se
arrepiaram. A banda orquestrada pediu passagem, lembrando-se dos feitos dos
ancestrais, pensando no que deixar para sua prole. Pois bem, essa gente
desfocada, despindo e desejando despir-se de toda cegueira, querendo deixar pra
traz toda falta de união, todo sono esplêndido, toda distração que vem das
antenas da TV, segue unida em manifestações rumorosas pelas avenidas afora.
Pena que ainda se tenha que
seguir em multidões, lutando e implorando pelo pão e carregar pedras após
ascensão social, com medo de uma queda. Ah! Quem são estes? São penitentes!
Certamente. Mas, agora com traços ferozes impregnados nas suas essências. Frutos
do de sofrimentos passados. “Tinham direito a uma alegria fugaz” Só queriam cantar, dançar
e ver novelas na TV! E gritar goooooooooooooool. Era “evolução da liberdade”?
Agora, uma
sociedade vulnerável, de doentes sem abrigo, sem pão, sem proteção... Seguem,
nas filas das bolsas de assistências... Estas que não são bolsas de valores,
mas que muito ajudam a segurar o grito de alerta! Daí seguem cheirando a gás de pimenta, de
bombas morais e confrontando com homens da lei, depredando seus únicos
patrimônios, os públicos.
De certo perderam o senso, foco e lideranças! Mas
também há que se lembrar, de que tudo originou da década de 1980, como dizem os
estudiosos, do desejo reprimido de parte da sociedade neoliberalista. Ora, o
neoliberalismo, modelo que impõe uma lógica individualista, que segue de
encontro ao anseio natural de associação e mudança por parte da juventude. E, que
pelo visto, já perderam duas gerações e nada viram de mudança efetiva, a não
ser “a mão que balança o berço esplendido”.
Queriam viver como filhos da santa e foram confundidos
com os filhos da outra e esquecidos da sorte. Agora gritam e gritam! Mas, como
os paralelepípedos se arrepiaram, estes foram alçados e vieram a cair nas
vidraças e nos telhados de vidros de quem ainda tem alguma consciência de que
vergonha na cara faz bem pra saúde, para educação, para o transporte, para a
segurança... e para todos. São muitos! São fortes os ecos de quem sabe o que
quer, mas que não dá sinais de organização para dizer o que quer, e terminam atirando
nos seus próprios pés. E nos daqueles que trabalham e pagam impostos. Mas a
mensagem há de ser ouvida! Nada é em vão!
De calados, vitimas da calada das noites, de imbróglios
orquestrados, agora lançam “gritos desumanos” que ecoam nas avenidas. E na
ânsia da resposta, tentam demonstrar alguns, que vale ainda boa vontade! Logo
agora, quando a dor é tanta e crônica, e o remédio é amargo demais! É! “De quem
é a cara de babaca, se as eleições estão bem aí”? Bem, todos podem dizer. No
coração de toda essa gente mora o desejo de viver pleno direito, com todo
respeito e conforto de uma pátria, e de ser um cidadão. É! Desejo dessa gente é
ter uma nação, que cuida de todos sem discriminação! Crianças, jovens e velhos,
em plena igualdade, liberdade, fraternidade e felicidade, como sonhavam século
atrás.
Ora, talvez o mundo não seja mesmo tão pequeno! Mas, é certo
que, navegando em velocidade de “HIPERINTERNET”, as ideias dão volta ao mundo
num segundo. E as multidões unidas pelos sonhos, se multiplicam num estalar de
dedos. Ah! O sonho não acabou!
Domingos Sávio Bruno é Engenheiro Florestal em Mato
Grosso Email: saviobruno@terra.com.br
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