quinta-feira, 4 de julho de 2013

GRITO SOLTO

O Brasil vem passando por um processo de mobilização da população repentina, que tem envolvido diversas categorias. O poder da voz do povo foi redescoberto. Em geral, isso é uma demonstração de maturidade política e evolução das populações. Que já não suportam mais o engodo dos atores públicos. Certamente, apesar de muitas deficiências, tudo isso não deixa de ser também, apesar das falhas visíveis, obra da educação e da evolução da comunicação.

Nos últimos dias a população ergueu a sua voz e balançou suas bandeiras, elevou faixas, para clamar pelo transporte, pela saúde, contra a corrupção, contra a impunidade, contra pedágios, preços de combustíveis... E, em meio a isso tudo, houve muito tumulto, vandalismo, violências em meio à gente ordeira e de bem. O povo do bem reivindicou, manifestou, pacificamente, mas as demais formas radicais, condenáveis, também são frutos do descaso, da incompetência dos maus políticos e dos péssimos administradores. Quem são estes? Para aqueles que são mais atentos é fácil fazer essa leitura. É anova classe “C”, que teme o retrocesso e o retorno do caos que a pouco ainda vivia.

 Ora, se a população percebe que as classes menos favorecidas e entes próximos sofrem, e até morrem por falta de medicamentos, falta de atendimentos médico-hospitalares, por falta de trabalho honrado, por falta de moradias dignas, por falha na segurança e por transportes indignos e caros. Ora, é bem certo que também possam passar a agirem de forma mais radical, de maneira a extravasar toda sua revolta, que não deixa de ser notavelmente repudiável. Claro que dentre os acontecimentos, não se descarta a presença de pessoas indignas e vândalas. Agitando em busca de dias melhores. Ora, caro leitor amigo, o que se tem colhido aqui, é o que os projetos dos políticos tem plantado. São eternas promessas, seguido de longas e/ou infinitas esperas. E os políticos todos, dão sinais de que sabem bem disso e já estão de olhos arregalados para os fatos. E se plantaram, vão ter uma colheita farta. E assim agitam em demonstração de que quererem ação para resolver a demanda acumulada. Mas que já não comovem essa gente sofrida.

Mas certamente o que mais se mais busca com essas manifestações, não é uma reforma política imediata, pois isso é tarefa exclusiva do Congresso Nacional ( e vai demandar tempo, visto que não estava em pauta). Toda hora a mídia comenta sobre isso e os bons de lábia remendam em “forma de boa intenção”. Assim, comentam-se a viabilidade de plebiscitos... Mas o que se busca é realmente, uma reforma na maneira de tratar a população, dando mais garantias de atendimentos de saúde, ofertando serviços públicos de melhor qualidade e com menores custos, onde a corrupção e os corruptos e corruptores, estejam afastados da direção de cargos públicos, valorizando o cidadão em detrimento dos atores ilícitos, que tanto oprimem a classe mais carente da população. Permitindo assim, investimentos para gerar trabalhos estáveis, de maneira a garantir acesso a moradias dignas para a população flagelada e favelada pela ação dos maus políticos, e viabilizando condições para acesso de todos a benefícios públicos. O que se deseja é educação ao alcance de todos. O que se quer são mais acessibilidade e mobilidade urbana, garantindo o ir e vir. Ou seja, o que se pretende é que a população seja vista com seriedade e que os recursos públicos e estruturas governamentais sejam usados para cumprir suas metas programadas e que jamais se permitam o seu sucateamento e desperdícios. Pois, só pão e circo já não satisfazem mais.


Domingos Sávio Bruno é Engenheiro Florestal  E-mail: saviobruno@terra.com.br

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