Desde a infância no
Brasil a maioria das pessoas é educada numa doutrina cristã em que se deve amar
ao próximo e a Deus acima de tudo, de maneira espontânea e livre de pensamentos
contraditórios e sentimentos negativos. Depois ao longo do tempo ainda continua
a observar que mesmo as autoridades públicas, baseadas nos aprendizados e em suas
leis procuram aplicações para o “bem” da coletividade. Bem. Pelo menos é essa a
intenção.
Esta semana algumas
notícias chamaram a atenção. Mas a do incêndio na favela do moinho em São Paulo
foi muito forte e marcou bastante. E parece que já era um fato repetitivo que
ocorre ao longo dos anos. O fogo dessa feita atingiu muitas formas de “moradias”
naquela favela e até um viaduto. Mas o que chamou a atenção foi que muitos
ficaram “desabrigados”... Ora, desabrigados já eram ainda antes do incêndio! Moram
ainda na favela. Portanto, desabrigados ainda são!
Apenas para compreensão:
Geralmente surgem nos noticiários matérias sobre punições a empresários, feitas
pelos Ministérios do Trabalho e Ministério Público, por manter empregados no
campo morando em moradias simples e rústicas, ou seja, em condições comparadas
a de escravos. Não querendo generalizar e nem desvirtuar o trabalho destes. Há
casos merecedores dos rigores da lei. Mas, muitas vezes podem existir punições
a empresários, que garantem sustento a pessoas com empregos bem remunerados no
campo. De onde muitos dos trabalhadores garantem qualidade de vida e as suas
moradias mais dignas na cidade. Desse trabalho no campo, sustentam a educação
de filhos e dão manutenção da família. Porém, o poder público assim, considera
situações em que se encontram trabalhadores, (que muitas das vezes, é excelente
se comparados a de favelados), como semelhante à escravidão. Aplausos merecidos
devem receber por transformar a vida dos trabalhadores rurais!
Se assim ocorrer no
campo com empregadores e empregados, e se o poder público ver pune! Aplausos
são dados! Então, daí pode-se concluir que o poder público já sabe então que a
situação dos favelados é pior a que se tem condenado no campo! Ora, então
porque não fazer nada em benefício dessa gente sofrida? Não dá para diferenciar
as situações. Os Ministérios que determinam qualidades de moradias para trabalhadores
no campo são os mesmos que estão vendo o nascimento e crescimento das favelas
nas cidades. Então porque ainda permanecem as pessoas a viverem nessas
condições indignas? São condições análogas a que? Refugiados de guerra? O poder
público sabe dar resposta e gerar o fim desse drama no país, que deve ser meta
a ser cumprida de imediato.
O mesmo poder público
que condena tanto situações indignas e análogas à escravidão de trabalhadores rurais
até bem remunerados. Que pune com mão pesada o empregador... Porque não obriga
os gestores das cidades a corrigirem a situação indigna do povo, que vive em
situações de constantes acidentes humilhantes, que a mídia tem noticiado, e como
ocorrem em diversas cidades do país? Há pesos diferentes e medidas desiguais
sendo usadas? Está faltando leis para o óbvio? Só o poder público para
explicar! Podem vir a comentar: “Sonho de Ícaro!”
Pois bem, tudo isso
exposto pode-se concluir que, o que se tem ensinado e aprendido ao longo da
vida, não se tem praticado! Nem mesmo por muitas religiões e religiosos. Falta
mais amor ao próximo e mais compaixão certamente! Quanto ao governo, só se nota
existir cobrança de leis contra pessoas em formas de multas e punições...
Ao poder público
cabe lançar seus olhares sobre essas situações, através do MP, do Legislativo e
mesmo do Judiciário. O Brasil é um país com riquezas imensas, mas sem que se
disponibilizem ao seu povo, por questão de excessos de burocracias e falta de
investimentos significativos na educação, emprego e renda, e saúde. No campo,
temos ainda uma floresta frondosa e exuberante capaz de produzir madeira “ad aeternum”, se bem conduzida
através do manejo florestal sustentável. Servindo esta floresta como fonte de
matéria-prima para mais moradias e trabalho dignos.
Ora, as religiões
neste país, que tanto pregam o amor, dão sinais de não estarem visitando
necessitados nem em hospitais públicos, nem assistem o sofrimento de pessoas necessitadas
como a dos favelados! E dentre o poder público e a população tem imperado a
falta de compaixão, a falta de solidariedade, a falta de boa vontade e a falta de
caridade. Pois situações como essas geradas pelo incêndio perduram por longos
anos por falta de ação. Onde crescem “palafitas, trapiches, farrapos”, deixados
de herança aos “filhos da mesma agonia”! Donos da esperança que ainda vem só
das antenas das TV’s!
Domingos Sávio Bruno
é Engenheiro Florestal em Mato Grosso -
Email: dosaviob@gmail.com
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